sábado, 2 de setembro de 2017

Jung fala...

Foto de Ana Sú -  Baía de Todos os Santos - Salvador - Ba.
Cada vida é um desencadeamento psíquico que não se pode dominar, a não ser parcialmente. Por conseguinte, é muito difícil estabelecer um julgamento definitivo sobre si mesmo ou sobre a própria vida. Caso contrário, conheceríamos tudo sobre o assunto, o que é totalmente impossível. Em última análise, nunca se sabe como as coisas acontecem. A história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e já, então, tudo era extremamente complicado. O que se tornará essa vida, ninguém sabe. Por isso a história é sem começo e o fim é aproximadamente indicado...

A vida sempre se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma; a vida propriamente dita não é visível, pois jaz no rizoma. O que se torna visível sobre a terra dura um só verão, depois fenece... Aparição efêmera. Quando se pensa no futuro e no desaparecimento infinito da vida e das culturas, não podemos nos furtar a uma impressão de total futilidade; mas nunca perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a floração - e ela desparece. Mas o rizoma persiste. 

Prólogo de Memórias, Sonhos e Reflexões - Jung. 

Um comentário:

  1. Fui lendo e achando que era a cara de Jung, mas pensei que era seu. Só no final é que vi a autoria. É a cara dele mesmo, mas a sua também.
    Ivan C.

    ResponderExcluir