sábado, 19 de março de 2011

Face to Face - parte 02.

Poesia


Noite de Plantão
Ana Sú - 1997


acordo, no meio da noite, no plantão, cansada

e percebo que sonhei, mas não lembro o sonho

o hábito do trabalho me levanta

e eu, calma e decidida, assumo mais uma vez, viver


sorrio e olho o cartaz aqui no quarto

que diz: "a vida é mais emocionante sem cigarro".
foto - Ana Sú - 2002
minha varanda ao entardecer.

Jung, sua vida e sua obra.

Vou tentar passar um pouco da vida de Carl Gustav Jung, espero que gostem...


Carl Gustav Jung nasceu em Kesswil, aldeia pertencente ao cantão da Turgóvia, na Suíça, em 26 de junho de 1875. Kesswil situava-se à beira do lago de Constança (Jung com frequência morou perto de lagos durante a sua vida). Quando tinha seis meses seus pais mudaram-se para o presbitério do Castelo de Laufen, e quatro anos depois (1879) , passaram a morar em Klein-Hunig

en, nos arredores da Basiléia. Desta feita a casa era um prébitério do século XVIII. Nesta localidade Jung fez todos os seus estudos, inclusive o curso médico.
Aos 11 anos entrou no Ginásio da Basiléia. Ele lembra, no seu livro de memórias, que, nesta ocasião, sentiu pela primeira vez a sensação de ter " ingressado no grande mundo de pessoas bem mais poderosas que o pai, pessoas que moravam em casas grandes e imponentes, com filhos bem vestidos e com bastante dinheiro no bolso, que eram seus colegas de classe". Nesta época, ele relata ter percebido que era pobre, o que o fez olhar os pais com olhos diferentes: " comecei a olhar meus pais com olhos diferentes, compreendendo-lhes as preocupações e aflições. Tinha pena principalmente do meu pai e - fato singular - me condoía menos de minha mãe, ela parecia a mais forte." (Jung, Memórias, sonhos e reflexões, p.36).
Jung sofreu, durante a sua infância, de um eczema generalizado. Ele relacionava este problema às dificuldades conjugais dos pais. Em 1878 sua mãe permaneceu durante vários meses internada em um hospital da Basiléia. A doença fora causada, a seu ver, pelos problemas matrimoniais. Ele relata em suas memórias: " ... a longa ausência de minha mãe me preocupava intensamente, a partir desse momento a palavra amor sempre me suscitava desconfiança, Pai significava para mim integridade de caráter e fraqueza. Mais tarde esta impressão foi reconsiderada, acreditei ter amigos e fui decepcionado por eles; quanto as mulheres, embora desconfiasse delas, nunca fui por elas decepcionado." (Jung, MSR, p.22).
Sua infância, ele relata, foi cheia de sonhos, curiosas indagações, pensamentos e fantasias. No primeiro sonho lembrado (aos 3 ou 4 anos), ele se via numa campina, descobria uma cova profunda e descia uma escada que levava ao fundo desta cova. Embaixo encontrava uma porta fechada por uma rica cortina. Ele afastava a cortina e, em uma pequena sala, via um tapete vermelho onde centrava-se uma poltrona, um trono real. Sobre o trono havia uma forma gigantesca, com quase quatro ou cinco metros de altura, feito de pele e carne viva, acabando no tôpo de forma arredondada, com um único olho imóvel. Ele paralisava-se angustiado e, neste momento, ouvia a voz de sua mãe que dizia que aquele ser era o devorador de homens. Este sonho preocupou-o por muitos anos, e ele relata que só muito mais tarde foi descobrir que aquele ser era o falo, e muitos anos depois compreendeu que se tratava de um falo ritual: " este sonho de criança iniciou-me nos mistérios da terra. Houve, nessa época, de certa forma, uma espécie de catacumba onde os anos se escoaram até que eu pudesse sair de novo. Hoje sei que isto aconteceu para que a mais intensa luz possível se produzisse na obscuridade. Foi como que uma iniciação no reino das trevas. nessa época principiou inconscientemente minha vida espiritual. (Jung, MSR, p.28).
Durante a época de ginásio o colégio o aborrecia. preferia os seus próprios momentos em que podia brincar, pensar, estar livre na natureza e também ler assuntos que considerava mais interessantes que os enfadonhos estudos de álgebra, matemática, etc. Não compreendia porque estes assuntos eram tão óbvios para seus professores e colegas, enquanto para ele nada significavam.
Nesta época ocorreu um fato importante que, segundo Jung, seria o marco do seu destino. Foi em 1887, depois da aula. Estava ele esperando por um colega em uma praça, na saída da escola, quando um outro colega veio e repentinamente deu-lhe um soco. Ele caiu, bateu a cabeça e desmaiou. Neste momento passou a seguinte ideia em sua mente: " Não preciso mais ir a escola!" A partir daí, sempre que se falava na possibilidade dele ir a escola ou até mesmo em fazer as tarefas escolares ele apresentava uma síncope. Esta situação durou mais ou menos seis meses, o que o agradava muito porque ele usufruía a liberdade desejada: brincava, desenhava, corria, refletia ... Entretanto, tinha uma leve sensação de mal estar, tendo a impressão de estar fugindo de si mesmo. Isto perdurou até o dia em que ouviu uma conversa do pai, em que o mesmo queixava-se a um amigo da situação do filho. Relatava sua preocupação com o problema, com a possibilidade de ser epilepsia, de ser incurável e determinar um impedimento a uma vida de trabalho normal. A partir daí Jung sentiu a dura realidade: " Ah, então é preciso trabalhar! pensei. E a partir daí tornei-me uma criança sensata. Retirei-me cautelosamente, entrei no escritório do meu pai e, tomando uma gramática latina procurei aplicar-me num esforço de concentração. Ao fim de dez minutos desmaiei, mas pouco depois sentir-me melhor e continuei estudando..." (Jung, MSR, p.41). E assim ele foi, aos poucos. Algumas semanas depois retornou a escola e as crises não mais apareceram. " Foi assim que fiquei sabendo o que é uma neurose." (Jung, MSR, p. 41).


vamos continuar ... aguardem... rsrsrs

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Lançamento em breve.



no prelo...



Poesia
Ana Sú
quando a poesia chega
eu penso diferente
sou menina
e os meus cabelos são dourados,
o sorriso é livre
os olhos brilham, o rosto é corado
pelo sol de cada manhã...
quando o verso aparece
eu ainda sou jovem
e as esperanças existem
a vida ainda é uma longa caminhada
e eu sonho com dias diferentes...
quando me envolvo nas palavras de uma estrofe
consigo ser mulher madura
mas cheia de desejos
e posso olhar a vida nua...
sem poesia eu me calo, me aborreço
não sou trilha, não sou relva, não sou chuva...
sou somente o trajeto do trabalho.
Agonia
Ana Barbara Neves
O tempo tem duas caras
Uma que leva, uma que traz
Eternamente instante
Sempre fugaz
O tempo, a cada momento.
Engana quem lhe quer mais
Controle desesperado
Arremedo de paz
O tempo, homem faceiro
Promete o que lhe compraz.
Vicia quando alegria
E em tédio se desfaz.
O tempo anda passando
Encontra desencontrando
Medida da morte
A vida
Cumprida agonizando.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Filmes que ví na semana:


Além da vida

Direção de Clint Eastwood, com Matt Damon e Cécile De France. Eu gostei pela delicadeza com que são tratados temas como amizade, fé e sofrimento diante das perdas inerentes à vida. Vale a pena ver.






Biutiful

Direção de Alejandro Gonzalez Iñárritu , com Javier Barden.

... ou vc ama ou odeia este filme...
eu amei

cenas fortes embasadas pelo trabalho fantástico de Javier Barden. Parafraseando James Hollis, autor junguiano, vc trafega pelos pantanais da alma nas imagens de dor e de total impotência das personagens diante das situações que a trama ressalta.
Eu não tenho conhecimento de cinema que me autorize a fazer comentários técnicos sobre filmes, porém partindo da minha paixão por esta arte, ouso dizer que é um filme que não deve deixar de ser visto.


Tetro





Direção: Coppola, com Vincent Gallo, Alden Ehrenreich e Maribel Verdú.


Quase não ia ao cinema ontem, sábado, entretanto meu genro e minha filha insistiram e eu acabei indo... que filme! Achei que depois de Biutiful demoraria para ver outro filme que, ao término, me deixasse respirando fundo e sem conseguir de cara levantar da cadeira do cinema.
Tetro fala de amor, ódio, ressentimento, vaidade, dor, loucura, redenção... e muito mais... A fotografia é linda, as cores, o jogo de luz, a música. Não dá para assistir e logo voltar para casa, tem-se que sentar, conversar, tomar uma taça de vinho, refletir e então, quem sabe, poder dormir.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A siesta - V. Gogh


Canção da escuta
Lya Luft


O sonho na prateleira
me olha com seu ar
de boneco quebrado.
Passo diante dele muitas vezes
e sorrimos um para o outro,
cúmplices de nossos desastres cotidianos.
Mas quando o pego no colo
(como as bonecas tão antigamente)
para avaliar se tem conserto
ou se ficará para sempre como está,
sinto sem estranheza
que dentro dele ainda bate
um pequeno tambor obstinado
e marca - timidamente -
um doce ritmo nos meus passos