sábado, 19 de março de 2011

Jung, sua vida e sua obra.

Vou tentar passar um pouco da vida de Carl Gustav Jung, espero que gostem...


Carl Gustav Jung nasceu em Kesswil, aldeia pertencente ao cantão da Turgóvia, na Suíça, em 26 de junho de 1875. Kesswil situava-se à beira do lago de Constança (Jung com frequência morou perto de lagos durante a sua vida). Quando tinha seis meses seus pais mudaram-se para o presbitério do Castelo de Laufen, e quatro anos depois (1879) , passaram a morar em Klein-Hunig

en, nos arredores da Basiléia. Desta feita a casa era um prébitério do século XVIII. Nesta localidade Jung fez todos os seus estudos, inclusive o curso médico.
Aos 11 anos entrou no Ginásio da Basiléia. Ele lembra, no seu livro de memórias, que, nesta ocasião, sentiu pela primeira vez a sensação de ter " ingressado no grande mundo de pessoas bem mais poderosas que o pai, pessoas que moravam em casas grandes e imponentes, com filhos bem vestidos e com bastante dinheiro no bolso, que eram seus colegas de classe". Nesta época, ele relata ter percebido que era pobre, o que o fez olhar os pais com olhos diferentes: " comecei a olhar meus pais com olhos diferentes, compreendendo-lhes as preocupações e aflições. Tinha pena principalmente do meu pai e - fato singular - me condoía menos de minha mãe, ela parecia a mais forte." (Jung, Memórias, sonhos e reflexões, p.36).
Jung sofreu, durante a sua infância, de um eczema generalizado. Ele relacionava este problema às dificuldades conjugais dos pais. Em 1878 sua mãe permaneceu durante vários meses internada em um hospital da Basiléia. A doença fora causada, a seu ver, pelos problemas matrimoniais. Ele relata em suas memórias: " ... a longa ausência de minha mãe me preocupava intensamente, a partir desse momento a palavra amor sempre me suscitava desconfiança, Pai significava para mim integridade de caráter e fraqueza. Mais tarde esta impressão foi reconsiderada, acreditei ter amigos e fui decepcionado por eles; quanto as mulheres, embora desconfiasse delas, nunca fui por elas decepcionado." (Jung, MSR, p.22).
Sua infância, ele relata, foi cheia de sonhos, curiosas indagações, pensamentos e fantasias. No primeiro sonho lembrado (aos 3 ou 4 anos), ele se via numa campina, descobria uma cova profunda e descia uma escada que levava ao fundo desta cova. Embaixo encontrava uma porta fechada por uma rica cortina. Ele afastava a cortina e, em uma pequena sala, via um tapete vermelho onde centrava-se uma poltrona, um trono real. Sobre o trono havia uma forma gigantesca, com quase quatro ou cinco metros de altura, feito de pele e carne viva, acabando no tôpo de forma arredondada, com um único olho imóvel. Ele paralisava-se angustiado e, neste momento, ouvia a voz de sua mãe que dizia que aquele ser era o devorador de homens. Este sonho preocupou-o por muitos anos, e ele relata que só muito mais tarde foi descobrir que aquele ser era o falo, e muitos anos depois compreendeu que se tratava de um falo ritual: " este sonho de criança iniciou-me nos mistérios da terra. Houve, nessa época, de certa forma, uma espécie de catacumba onde os anos se escoaram até que eu pudesse sair de novo. Hoje sei que isto aconteceu para que a mais intensa luz possível se produzisse na obscuridade. Foi como que uma iniciação no reino das trevas. nessa época principiou inconscientemente minha vida espiritual. (Jung, MSR, p.28).
Durante a época de ginásio o colégio o aborrecia. preferia os seus próprios momentos em que podia brincar, pensar, estar livre na natureza e também ler assuntos que considerava mais interessantes que os enfadonhos estudos de álgebra, matemática, etc. Não compreendia porque estes assuntos eram tão óbvios para seus professores e colegas, enquanto para ele nada significavam.
Nesta época ocorreu um fato importante que, segundo Jung, seria o marco do seu destino. Foi em 1887, depois da aula. Estava ele esperando por um colega em uma praça, na saída da escola, quando um outro colega veio e repentinamente deu-lhe um soco. Ele caiu, bateu a cabeça e desmaiou. Neste momento passou a seguinte ideia em sua mente: " Não preciso mais ir a escola!" A partir daí, sempre que se falava na possibilidade dele ir a escola ou até mesmo em fazer as tarefas escolares ele apresentava uma síncope. Esta situação durou mais ou menos seis meses, o que o agradava muito porque ele usufruía a liberdade desejada: brincava, desenhava, corria, refletia ... Entretanto, tinha uma leve sensação de mal estar, tendo a impressão de estar fugindo de si mesmo. Isto perdurou até o dia em que ouviu uma conversa do pai, em que o mesmo queixava-se a um amigo da situação do filho. Relatava sua preocupação com o problema, com a possibilidade de ser epilepsia, de ser incurável e determinar um impedimento a uma vida de trabalho normal. A partir daí Jung sentiu a dura realidade: " Ah, então é preciso trabalhar! pensei. E a partir daí tornei-me uma criança sensata. Retirei-me cautelosamente, entrei no escritório do meu pai e, tomando uma gramática latina procurei aplicar-me num esforço de concentração. Ao fim de dez minutos desmaiei, mas pouco depois sentir-me melhor e continuei estudando..." (Jung, MSR, p.41). E assim ele foi, aos poucos. Algumas semanas depois retornou a escola e as crises não mais apareceram. " Foi assim que fiquei sabendo o que é uma neurose." (Jung, MSR, p. 41).


vamos continuar ... aguardem... rsrsrs

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