sábado, 2 de setembro de 2017

Jung fala...

Foto de Ana Sú -  Baía de Todos os Santos - Salvador - Ba.
Cada vida é um desencadeamento psíquico que não se pode dominar, a não ser parcialmente. Por conseguinte, é muito difícil estabelecer um julgamento definitivo sobre si mesmo ou sobre a própria vida. Caso contrário, conheceríamos tudo sobre o assunto, o que é totalmente impossível. Em última análise, nunca se sabe como as coisas acontecem. A história de uma vida começa num dado lugar, num ponto qualquer de que se guardou a lembrança e já, então, tudo era extremamente complicado. O que se tornará essa vida, ninguém sabe. Por isso a história é sem começo e o fim é aproximadamente indicado...

A vida sempre se me afigurou uma planta que extrai sua vitalidade do rizoma; a vida propriamente dita não é visível, pois jaz no rizoma. O que se torna visível sobre a terra dura um só verão, depois fenece... Aparição efêmera. Quando se pensa no futuro e no desaparecimento infinito da vida e das culturas, não podemos nos furtar a uma impressão de total futilidade; mas nunca perdi o sentimento da perenidade da vida sob a eterna mudança. O que vemos é a floração - e ela desparece. Mas o rizoma persiste. 

Prólogo de Memórias, Sonhos e Reflexões - Jung. 
Foto de Ana Sú - Sitio Grande Paineira

                       JUNG FALA...




... fiquei impressionado com o fato de que, apesar das aparências, deve haver uma vida oculta da mente manifestando-se somente no transe ou no sono. Uma pequena hipnose punha esta garota num transe do qual mais tarde ela despertava como se fosse de um sono. Durante o transe diversas personalidade se manifestavam; e, pouco a pouco, descobri que eu podia invocar por sugestão uma personalidade ou outra. 
Fiquei, é claro, profundamente interessado em todas estas coisas e comecei a tentar explicá-las, algo que eu não podia fazer porque tinha apenas vinte e dois anos na época e era muito ignorante nesse sentido. Mas eu disse a mim mesmo que deve haver um mundo por trás do mundo consciente e que era com este mundo que a garota estava em contato... (44).


... ou seja, a libido nunca surge do inconsciente num estado informe, mas sempre em imagens. Usando uma figura de linguagem, o minério tirado da mina do inconsciente é sempre cristalizado...  A partir daí fiquei convencido de que o material inconsciente tende a fluir em moldes definidos. (45).


                         Jung, C. G. - Seminários sobre Psicologia Analítica (1925)
                         Editora Vozes - 2014.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Retornando ao Jung Ana

Fiquei um grande período sem aparecer, sem escrever aqui. O tempo e a vida nos solicita em múltiplas tarefas, escolhas, permitindo que, por vezes, uma névoa envolva lugares, pessoas e coisas queridas, trazendo um pseudo esquecimento, pois,  na verdade,  essas imagens ficam profundamente guardadas, inconscientes, mas vivas, morando nos seus lugares de origem, aparecendo nos sonhos, nas fantasias, sutilmente nas emoções,  nos humores.  
Entretanto, chega um tempo em que pedem passagem, pois, na medida em que sentem-se acolhidas no mundo dos sonhos, também querem participar da vida consciente. 
A proposta do Jung Ana é rondar imagens da alma,  buscando inspiração no pensamento junguiano, na arte, no mundo, nas pessoas, nos acontecimentos internos e externos, nas emoções. A proposta também é conversar, trocar impressões, conhecer, refletir. 
Bom estar de volta. 

domingo, 6 de outubro de 2013

Jung, um homem religioso?

Ontem, aqui em Salvador, aconteceu o último módulo do curso "Jung, um homem religioso?" Uma realização da Kairos, núcleo criado no sentido de reunir pessoas interessadas no pensamento de Carl Gustav Jung, assim como trazer para o nosso convívio estudiosos sobre o assunto, com o intuito de divulgar e compartilhar temas vinculados a Psicologia Analítica.
O curso foi excelente porque Marcos Fleury, o palestrante, professor membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, percorreu o tema do jeito que faz aquele que conhece o caminho e percebe o desejo e o compromisso do grupo em também caminhar. Isto fez valer a viagem! O professor quis ensinar de forma competente e amorosa, o grupo quis aprender, partilhar e responder também amorosamente.
Eu e Tatiana, que organizamos o encontro, agradecemos a todos que estiveram envolvidos neste percurso: a Marcos, pela generosidade em dividir seu conhecimento, e a cada um dos participantes, de forma especial: pela presença, pela partilha e pela confiança.

 
com carinho
 
Ana Suely e Tatiana
 

quinta-feira, 17 de maio de 2012



PENSANDO...

Quando eu penso em mim
eu penso em alguém sempre buscando

sempre tentando ser,
querendo algo que me solicita
e ás vezes me cansa...
quando eu penso em mim
eu penso que, apesar do esfôrço
eu pinto a vida de vermelho e amarelo
porém, sonho com o azul.

penso na possibilidade de acalmar o corpo e a mente
no desejo de também experimentar o dencanso...
                                                        Ana Sú

O filme e o tom...

O filme foi um engodo noturno
o que valeu foi o sol
e o dia morno na alma
quente no corpo...
                                Ana Sú

domingo, 13 de maio de 2012

Minha mãe sempre foi bonita e engraçada... ainda hoje, mergulhada em névoas, de vez em quando vem, surge do seu mundo solitário e brinca, como se estivesse ainda contando um caso, uma história de fazer rir.
Ela sempre será para mim uma linda imagem de mãe boa, amiga, presente e acolhedora. Nós sempre fomos diferentes, ela às voltas com os vestidos e as comidas gostosas, e eu com os livros, os lápis e os cadernos. Entretanto, tinhamos um ponto em comum: a música. Ela me ninava, quando eu criança, cantando músicas de Dalva de Oliveira, Agostinho dos Santos, Orlando Silva: 
" esperança, morreste muito cedo, saudade, cedo demais chegaste...". Ela, do seu jeito me deu o gosto pela arte, me comprou um piano quando eu tinha quatro anos de idade, quando eu menina me acompanhava aos shows de Roberto Carlos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriany, cultivou a semente que me fez, bem cedo, agregar o amor pela música de Chico, Caetano, Elomar, Tom, Vinicius, herança significativa na minha vida, na vida das minhas filhas e com certeza, também será na vida dos meus netos.
Hoje, Dia das Mães, quero compartilhar esta foto de Dona Elza, querida por todos os meus amigos, ela que sempre estava pronta para ouvir e brincar em qualquer situação, por maís séria que fosse. Ela era leve, acreditava na vida, acho que ainda acredita, poís a pouco mais de uma semana, num dos raros momentos que emerge, eu perguntei: Mãe, você é feliz? Ela sorriu e respondeu: Muito!
                                     13.05.2012